A coceira é insuportável, parece que nunca vai ter fim. E, quanto mais você esfrega, mais vermelhos seus olhos ficam, acabando com seu visual e tirando a graça de qualquer passeio. E os problemas não param por aí: inchaço das pálpebras e até dificuldade para enxergar são incômodos bastante comuns após um dia inteiro de sol e mar. Os microorganismos que ficam na água do mar e a concentração de sal, diferente daquela presente nas lágrimas, podem causar irritação e até infecções, afirma a oftalmologista Carla Suzuki, da Unidade de tratamento oftalmológico Vision Care.
Os perigos começam com a alteração das lágrimas, que são diluídas. A lágrima serve como meio de difusão do oxigênio do ar, captado pelas células da córnea. Os olhos dependem delas para nutrição e lubrificação, por exemplo, afirma o médico Eduardo Almeida, consultor da especialidade de oftalmologia dos hospitais Metropolitano e Vila Mariana.
Agressivo, o próprio sol oferece perigo, porque os raios ultravioletas podem levar à queimadura da córnea e da retina. Por isso, ao menor sinal de irritação, deixe de ir à praia e à piscina. Caso o problema não desapareça com as compressas geladas, procure um médico.
A seguir, os dois especialistas comentam as principais ameaças que os dias de verão reservam aos olhos e ainda ensinam como você deve se proteger, evitando problemas na visão.
Água do mar
O sal, realmente, é um problema. Mas, geralmente, a culpa pelos olhos vermelhos e pelas infecções oculares não apenas da água salgada. Muita gente desrespeita as placas e acaba mergulhando em águas impróprias para o banho. As impurezas podem causar infecções, que têm irritação, coceira e vermelhidão como sintomas, afirma o oftalmologista Eduardo Almeida.
Raios de sol
Só saia de casa com óculos de sol, pois até os modelos mais simples já possuem proteção ultravioleta. A vantagem das lentes de qualidade é uma visão livre de distorções. Os óculos de sol evitam a passagem dos raios de luz com comprimento de ondas superiores ao violeta e que são nocivos ao núcleo das células do olho humano, podendo causar degenerações da conjuntiva (pterígeo), ceratites, catarata e doenças degenerativas da retina. Os óculos também funcionam como escudo protetor para elementos externos como areia e suas impurezas.
Perigos do cloro
Ele é usado como agente de combate aos microorganismos que invade a piscina. No entanto, o cloro também prejudica a saúde dos olhos: ele pode causar uma conjuntivite química, pior do que a provocada pela água do mar. Quanto maior a concentração dessa substância na água, menor a quantidade de microorganismos. Mas a agressão química também é maior.
Controle as mãos
Quando a irritação se instala, a vontade é ficar coçando os olhos. Mas não faça isso ou o problema só vai piorar. Além de aumentar a sensação de coceira, você leva mais microorganismos e impurezas ao olho, diz a oftalmologista Carla Suzuki. O atrito das mãos também provoca micro-lesões na superfície ocular (área que serve como uma barreira contra a penetração de microorganismos e a ação de agentes químicos). Isso causa a vasodilatação (avermelhando ainda mais os olhos) e mais desconforto, fora o fato de que na praia dificilmente estamos com as mãos limpas, completa o consultor.
Atenção com os colírios
A não ser que seu médico tenha receitado alguma fórmula, nada de passar na farmácia e escolher uma caixinha por conta própria. O alívio pode ser obtido a partir de simples lágrimas artificiais, vendidas em drogarias de manipulação. Melhor ainda se estiverem geladas, porque promovem a vasoconstrição e reidratam a superfície do olho.
Água doce
Saindo da piscina ou do mar, lave o rosto com água mineral ou água corrente. Isso ajuda na remoção da salina e das substâncias químicas que causam irritação.
Compressas geladas
Uma compressa de soro fisiológico gelado traz um enorme alívio pra a coceira e diminui na hora a vermelhidão. Se você não tiver soro, pode usar água mineral. Basta encharcar chumaços de algodão e deixar sobre os olhos. Evite o uso de água boricada, porque ela pode causar alergia piorar ainda mais o problema.
Praia com hora marcada
Se você tem tendência a sofrer com irritações nos olhos, evite os banhos de mar e de piscina entre as 10h e as 15h. O calor pode atuar como um forte vaso dilatador, agravando ainda mais o quadro. Bebida alcoólica Mesmo longe do sol, quem bebe tende a ficar com os olhos vermelhos. Isso porque as bebidas são vasodilatadoras, proporcionando uma leve ou mesmo uma exagerada vermelhidão nos olhos.
Proteção solar
Os bloqueadores podem causar problemas se caírem nos olhos. É preciso cuidado com produtos químicos irritantes, que agridem as mucosas. Esse é o caso dos protetores solares usado na região periocular. Por isso, algumas marcas dispõem de produtos específicos para essa área do rosto: além de levarem em conta a pele mais sensível, eles vêm em forma de bastão (o que evita acidentes na hora de espalhar).
Vento e areia
Os óculos de sol são importantes porque, além de protegerem contra os raios ultravioletas, evitam que os grãos de areia trazidos pelo vento entrem nos olhos. Além disso, a própria brisa pode causar problemas, provocando a evaporação das lágrimas e ressecamento da superfície dos olhos. Nesses casos, lance mão das lágrimas artificiais e não tire os ósculos escuros.