Catarata: segundo a Organização Mundial de Saúde, 50% dos indivíduos com idade entre 65 e 74 anos têm catarata; o número aumenta para quem tem acima de 75 anos (75%). Esta patologia é a principal causa de cegueira tratável nos países em desenvolvimento. Existem 161 milhões de deficientes visuais no mundo, e a catarata é responsável por 47,8% de todos os casos (dados da OMS). As dificuldades visuais provenientes da catarata têm potencial de interferir na realização de algumas atividades e podem levar à diminuição da acuidade visual, aumentando os riscos de acidente no trânsito.
Além disso, a opacificação do cristalino pode diminuir a sensibilidade ao contraste e redução do campo visual, resultando no aumento dos riscos, mesmo quando o problema acomete apenas um olho. Segundo estudos, motoristas com catarata tem risco de 2,5 vezes maior de se envolver em acidentes de trânsito, com relação aos que não tem o problema. A acuidade visual, sensibilidade ao contraste e recuperação ao ofuscamento tendem a reduzir em pacientes que passaram por cirurgia.
De acordo com artigo publicado no site da Abramet, dificuldades para dirigir à noite ou ao entardecer e estimar distâncias decresceram de 82% no pré-operatório para 5% no pós-operatório de pacientes que se submeteram à cirurgia de catarata.
Glaucoma: no caso da perda de fibras retinianas periféricas, o campo visual diminui até se tornar “tubular”, características de estágio avançado da doença. Essa diminuição visual periférica limita a percepção visual, causando prejuízo à direção veicular.
O glaucoma é a principal causa de diminuição de campo visual em idosos. Em relação ao trânsito, pode aumentar o número de acidentes porque o motorista com glaucoma pode não enxergar outros carros, ciclistas e pedestres que estejam no campo da visão periférica. Porém, se a doença foi diagnosticada de forma precoce, é provável que o paciente possa continuar dirigindo, principalmente se não apresentar perda significativa no campo visual. A descoberta prematura do problema possibilita que o oftalmologista indique um tratamento apropriado, desacelerando a progressão da doença.
É importante que o portador de glaucoma perceba suas limitação, quando for necessário dirigir, e peça ajuda com o intuito de preservar a segurança de todos, nas ruas e estradas, inclusive a dele. Alguns sinais podem ser percebidos, apontando para o momento de parar de dirigir e buscar apoio:
• No caso de perda da visão lateral, pois dificulta a visão e a reação imediata, no caso de obstáculos na estrada/rua;
• Sensibilidade à luz, quando o condutor leva mais tempo para se acostumar com a luz do sol ou o brilho dos faróis à noite;
• Quando a visão fica turva, por ser complicado perceber imagens claras e movimento. Como exemplo: uma pessoa atravessando a rua ou outros carros passando;
• No caso de acidentes, é sempre importante reavaliar a capacidade de dirigir com segurança.
Degeneração macular relacionada à idade: doença degenerativa que afeta a mácula e acomete pessoas com mais de 50 anos; dentre os vários fatores de risco, a idade é o mais forte. A principal causa de diminuição de campo visual em idosos é o glaucoma. Nas formas avançadas, os pacientes podem apresentar graves disfunções na visão central. Dentre os sintomas os mais comuns estão: embaçamento da visão central, distorção da imagem e visão reduzida, podendo levar a uma mancha central e a uma importante perda da visão. Porém, as condições para um paciente com glaucoma dirigir vão depender do grau de perda de campo visual e da baixa visão periférica. Estudiosos analisaram a relação entre a visão periférica e o desempenho de motoristas e foi observado que há uma significativa associação entre a perda da visão periférica e a quantidade de acidentes.
Retinopatia diabética: no caso de uma complicação do diabetes mellitus, que atinge 3% da população brasileira, e junto com o glaucoma e a catarata, e representa uma das principais causas da cegueira em todo o mundo. A doença pode ser um fator impeditivo, definitivo, para dirigir. Isso acontece no caso da evolução da doença e significativa agressão ocular. A fotocoagulação (PRP) é o tratamento com potencial de diminuir a perda visual severa na retinopatia proliferativa diabética, quando relacionado à redução do campo visual. O exame oftalmológico anual é de grande importância para que o especialista detecte a doença que está interferindo na direção veicular.
Outras condições comuns em pessoas idosas podem ser relacionadas aos acidentes de trânsito, como: doenças pulmonares e cardiovasculares; doença cardíaca isquêmica; arritmias; apneia do sono; doenças neurológicas; AVC; Mal de Alzheimer; Mal de Parkinson; neuropatias; convulsões; polifarmácia; artrites; hipertensão e o uso de álcool. A presbiopia, ou vista cansada, que afeta o indivíduo por volta dos 40 anos, também pode ser um problema para quem dirige. Por isso, o oftalmologista orienta sobre a necessidade do uso do óculo para dirigir; neste caso é especifico para enxergar de perto. Para o idoso, parar de dirigir não deve estar relacionado à idade, mas às condições físicas e psicológicas. Tanto o motorista quanto a família devem observar sinais de perigo na prática da atividade; se o idoso sempre bate o carro, tem dificuldades para estacionar, passa pelo sinal vermelho por não distinguir as cores, é preciso buscar a ajuda de um especialista.
A direção veicular torna o idoso integrado à família, à sociedade e conectado com o mundo. Um bom caminho é estimulá-lo e deixá-lo motivado. Caso sempre sejam apontadas as limitações, pode haver um problema de baixa autoestima e pode causar depressão, acelerando o processo degenerativo e a desarmonia interna.
Fonte: http://www.cbo.net.br/